Pra você, Larissa - Marina de Moraes



Hoje vi umas fotos suas, você aí na França, eu aqui no Brasil... to com saudade, queria estar com você nesses dias. As vezes acho que fico desejando tanto umas coisas só quando elas me são de certo modo ~impossíveis.

Vendo suas fotos percebi que faz uma semana que eu tenho deitado (mas são em momentos específicos, tem um porquê!) de baixo da mesa do meu quarto. Lembro de pensar que "nunca tinha visto a casa desse ângulo".

Resolvi tirar essas fotos pra você
porquê hoje você me ajudou a mudar o fluxo por aqui,
eu realmente não tinha percebido que fazia uma semana que eu comecei a deitar em baixo da mesa.

E foi só escrevendo agora que lembrei: faz uma semana que li por vídeo pra você o texto do Paul - meu corpo trans é uma casa vazia - (eu amo ler pra outro ser, você sabe) engraçado... agora veio a assimilação de tudo, só agora, mesmo naquele dia com o insight que se anunciava mas não chegava, me parecia vital colocar nome nas sensações que surgiam, algo a ver com a casa agora, casa espaço corpo, assim mesmo, bem cafona.

ver suas imagens me trouxe um
- reviver cada cômodo todos os dias, até mudar -

quem é mesmo que me falou sobre persistir (dançando) até mudar?


Bom... eu acho que desde que moro aqui nessa casa eu durmo todas as noites no mesmo cômodo, a cama na minha inquietude eu já mudei 4 vezes de posição. Mas essa noite vou fazer uma ousadia e dormir na sala, quem sabe amanhã durmo no quintal - será que vou sonhar outros sonhos?

Aliás! Tenho sonhado muito nesse último mês em que não saí mais de casa, eu sonho, mas esqueço logo tudo quando acordo.
Com esse emaranhado de dia que passou, lembrei, agora escrevendo pra você, que essa noite sonhei que dançava uma dança que ainda não existe porque eu ainda não dancei ela. Lembro o porquê de dançá-la, eu falava sobre ela pra alguém,
eu lembro exatamente da imagem de cada movimento, eu me via de fora do meu corpo dançando.
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